segunda-feira, 19 de outubro de 2020

METODOLOGIA DA PESQUISA II (PROFª MARTIELLE FERNANDES)

 AULA DE HOJE: 19/10/2020


PESQUISA EM EDUCAÇÃO

 

A pesquisa em educação envolve produção de conhecimento e deve ser tratada com toda sua complexidade e potencialidade. Trata-se de um trabalho que requer muito estudo, planejamento e organização. A incerteza e a inquietação do pesquisador geram questionamento sem resposta evidente. Esse é o ponto que origina uma investigação científica. O caminho escolhido pelo pesquisador para obter respostas ao seu questionamento consiste na metodologia de pesquisa utilizada, que inclui métodos, técnicas e toda a atuação do pesquisador.

A produção de uma pesquisa visa a contribuir para o avanço do conhecimento. Dessa forma, é essencial que seja realizada de forma consciente e responsável, para que, de fato, concretize sua relevância científica e social, que é o seu verdadeiro papel. Para alcançar esse objetivo, o pesquisador deve ter bem delimitados qual o seu problema de pesquisa e o que pretende alcançar com ela. A partir daí, de acordo com os seus objetivos é que se analisa qual metodologia é adequada para o trabalho.

Tanto a abordagem qualitativa como a quantitativa exigem do pesquisador sensibilidade, raciocínio e determinação para poder desenvolver estudo exaustivo e complexo em busca de um resultado que se apóie em fundamentos teóricos e que traga evidências concretas que comprovem as conclusões obtidas com a pesquisa.

Há diversos caminhos a serem seguidos no processo de investigação, mas esses requerem estudos aprofundados a fim de que o pesquisador seja capaz de realizar trabalho adequado à sua pesquisa e, assim, se aproprie das metodologias com exatidão, aproveitando todas as suas potencialidades. Dessa forma, surgirão trabalhos cada vez mais ricos e úteis, capazes de trazer contribuições a questões educacionais da nossa sociedade.

 

GENERALIZAÇÃO EM PESQUISAS EDUCACIONAIS

 

Após 1954, o governo dos Estados Unidos da América do Norte decidiu investir pesado na pesquisa educacional, aumentando as verbas de fomento e por conseqüência, um aumento de pesquisadores e pesquisas nesse campo. Dessa nova condição surgem várias correntes de pesquisadores em oposição aos paradigmas  positivistas da Ciência daquela época, quase hegemônicos da pesquisa quantitativa experimental, com análise estatística. Tais correntes de pensadores criaram alternativas metodológicas capazes de estudar e descrever a realidade da escola e de seus integrantes.

No Brasil o mesmo fenômeno ocorre duas décadas depois. Na década de 1970 surgem muitos resultados de pesquisa educacional qualitativa, de valor explicativo, em formato descritivo, captando concepções, representações de indivíduos e oferecendo uma enxurrada de relatos de professores, orientadores educacionais, diretores de escola, alunos de diferentes níveis de ensino, falando sobre o que fazem e pretendem, sobre dificuldades que enfrentam e muitos outros tópicos educacionais. Nesse período há uma predominância do “estudo de caso”, como o estudo de uma só escola.

O que fazer com esses resultados descritivos? Para que eles servem em termos científicos? Como prestação de serviços de consultoria pedagógica àquela escola os resultados são válidos. Mas, além daquela escola pode-se generalizar os resultados? Ou ainda, os resultados ultrapassam a descrição dos fenômenos estudados? Aumentam a teoria existente? De que serve fatos que não se integram? Explicações não podem ser generalizadas, pois dizem respeito a uma só coisa de um só lugar.

A pesquisa em educação no Brasil passou trinta anos excessivamente comprometida com a intervenção, sem que haja compromisso na geração de conhecimento novo. Prestação de serviço demais e pesquisa científica de menos. A generalização de pesquisa qualitativa é a ampliação do poder explicativo dos resultados. Só uma fundamentação teórica forte pode dar aos resultados qualitativos a capacidade de serem usados em outras situações semelhantes. A descrição de informações obtidas caracteriza a entrada do pesquisador em uma área inexplorada, nova ou em revisão. Seu emprego como pesquisa exploratória é desejável e deve ser incentivada.

 

ARTIGO PARA LEITURA E SÍNTESE (RESUMO): ENTREGA DIA 26/10/20

ZANETTE, M. S. Pesquisa qualitativa no contexto da Educação no Brasil . Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 65, p. 149-166, jul./set. 2017

Consolidação das pesquisas em Educação no Brasil  

Do ponto de vista metodológico, a melhor maneira para se captar a realidade é aquela que possibilita ao pesquisador “colocar-se no papel do outro”, vendo o mundo pela visão dos pesquisados.

Arilda Schmidt Godoy

A pesquisa em Educação no Brasil, nos seus fundamentos teórico-meto­dológicos, perpassou por diversos ciclos históricos. Em linhas gerais, buscando identificar fatores que proporcionaram o seu desenvolvimento, destacam-se dois aspectos fundamentais: primeiramente, efeitos das influências das pesquisas iniciadas em Ciências Sociais e Humanas em diversos países; e, posteriormente, expansões das pós-graduações, a fim de qualificar e investir na formação dos profissionais, e da necessidade de investir em recursos de fontes financiadoras.

A produção de pesquisa, de modo mais regular, data do final dos anos 1930, com a criação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) em 1938, hoje, denominado Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. O INEP, com seu desdobramento no Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) e nos Centros Regionais em alguns estados (Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia e Minas Gerais), constituiu-se em foco produtor e irradiador de métodos e técnicas de investigação científica em Educação, inclusive os de natureza experimental. Esses órgãos proporcionaram espaço específico de produção e de estímulo sistemático em Educação. (VEIGA, 2007, p. 303-304).

Segundo Gatti (1983, p. 3),

Até então, os estudos em Educação se expressavam apenas pelo trabalho isolado de alguns professores da área. No mesmo período, consolidavam­-se algumas Escolas Normais de alto nível, que se tornam a fonte de recursos humanos especializadas em educação, sob diferentes ângulos de formação, e despontam os cursos de pedagogia nas Faculdades de Filosofia.

Com a implantação desses institutos, intensificaram-se os trabalhos e a formação de pessoal dos Centros Brasileiros e Regionais de Pesquisa em Educação, proporcionando o surgimento das primeiras tentativas de publicação sistemáticas de trabalhos especializados na área. Com o início, na década de 1940, da publicação da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBPE-INEP) e, na década de 1950, com as séries “Monografias”, “Estudos”, “Documentos”, “Pesquisas e Planejamento”, entre outras, todas no âmbito do CBPE ou dos CRPEs, historicamente configurou-se a produção do pensamento pedagógico especificamente a partir da realidade do sistema educacional brasileiro (GATTI, 1983, p. 3-4). Contudo, vale lembrar que essa afirmação não exclui outros dados registrados por educadores, antes da década de 1930, e não contemplados e descritos neste trabalho bibliográfico e empírico.

Conforme descreve Gatti (1983, p. 4),

Fora do sistema INEP-CBPE-CRPE(s), também despontaram algumas revistas, como a Atualidades Pedagógicas da Editora Civilização Brasileira (1950), a Revista Pedagógica, da Universidade de São Paulo (1955), etc., todas acabando por não ter sequência após alguns anos).

Essas instituições, com suas publicações, também contribuíram com a pesquisa em Educação, no âmbito teórico-metodológico, pela divulgação e aplicabilidade na prática pedagógica.

Na década de 1960, assiste-se à expansão dos quadros das universidades, com a emergência de alguns grupos de pesquisa, impulsionada pela implantação de curso de Pós-Graduação. Com a consolidação da reforma de 1968, vieram os programas de pós-graduação em Educação (stricto sensu), “que responderam por alguns dos trabalhos relevantes na área e, somente entre os anos 1971/1972, criaram-se dez cursos de pós-graduação em Educação no sentido estrito; e, até 1975, dezesseis estavam instalados.” (GATTI, 1983, p. 4).

Outro aspecto fundamental a ser demarcado é em relação à intensificação dos incentivos que proporcionaram a formação e qualificação acadêmica nos programas de mestrado e doutorado no exterior. Com o retorno e a integração de professores especializados em trabalhos acadêmicos, de ensino e pesquisa, constatam-se muitas mudanças nas temáticas, nos problemas, nos referenciais teóricos, nas abordagens metodológicas e nos contextos de produção de trabalhos científicos. Os temas ampliam e se diversificam conforme apontava e assinalava o documento “Avaliação & Perspectivas-1978” do CNPq. (GATTI, 1983, p. 4).

Pelo fato de os enfoques se ampliarem e diversificarem, o pensamento educacional brasileiro passa por diferentes ciclos ou convergências temáticas e metodológicas. Vários autores começaram a escrever sobre as mudanças e inovações das pesquisas científicas. Gatti (1983, p. 4), citando Aparecida Joly Gouveia (1971-1975), afirma que

As pesquisas, inicialmente de caráter psico-pedagógico, em que a te­mática abrangia estudo do desenvolvimento psicológico, processo de ensino e instrumentos de medida de aprendizagem, deslocam-se, em meados da década de cinquenta, para as condições culturais e tendências de desenvolvimento da sociedade brasileira, e o objeto de atenção passa a ser as relações entre o sistema escolar e certos aspectos da sociedade. A partir de meados da década de sessenta, começam a ganhar fôlego e destaque os estudos de natureza econômica em que aparecem trabalhos sobre a educação como investimento, demanda profissional, formação de recursos humanos, etc.

Na década de 1970, aconteceu a ampliação das temáticas de estudos como o aprimoramento metodológico, especialmente em alguns setores, em diferentes problemáticas enfocadas:

currículos, avaliação de programas, caracterizações de redes e recursos educativos, relações de educação e trabalho, características de alunos, famílias e ambiente de que provêm, nutrição e aprendizagem, validação e critica de instrumentos de diagnósticos e a validação, estratégia de ensino entre outros. (GATTI, 1983, p. 4).

Segundo a análise de Gouveia, no texto “A pesquisa sobre Educação no Brasil: de 1970 para cá”, feita em diferentes fontes de dados, tais como, da So­ciedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); dos projetos financiados pelo INEP e dos estudos publicados em Cadernos de Pesquisa realizados nos períodos de 1970 e 1976, constata-se que as pesquisas em Educação figuram sobre os “relatos de experiências ou tentativa de renovação educacional” com “estudos descritivos” (GOUVEIA, 1976, p. 75-9), entre outros, sem uma preocupação de controles metodológicos mais sistemáticos.

Os relatos das publicações das pesquisas em Educação demonstram que foi uma época de grande inquietação, quando grande parte do discurso acadêmico na área educacional se travava em discursos pró ou contra esta ou aquela meto­dologia, com diferentes técnicas de coleta e análise de “dados”, cujo interesse era cada vez mais crescente pela utilização de método e pesquisa intercomple­mentares – quantitativo e qualitativo. (GONÇALVES, 1984, p. 55-62).

Entre o final dos anos 1970 e o início da década de 1980 aparecem traba­lhos sobre “política educacional, tema até então ausente em trabalhos de análise institucional e organizacional”. (GATTI, 1983, p. 4). Fatores que contribuíram para essa investigação foram a implantação de 27 programas de pós-graduação em Educação, funcionando em 27 instituições de ensino superior, que resul­taram na produção de centenas de dissertações e de dez teses de doutorado, concluídas até 1981.

Tais investimentos levaram as pesquisas a serem avaliadas constantemen­te, buscando aproximar o sujeito e o objeto a ser investigado no seu contexto histórico-cultural. Como afirmamos na epígrafe, um bom trabalho científico, que utiliza metodologia mais próxima da realidade a ser pesquisada, deve ser aquele que propicia ao pesquisador “colocar-se no papel do outro”, ou seja, compreen­der a realidade pela visão dos pesquisados como forma de aproximação entre a vida e o que vai ser investigado. Para isso, ainda um melhor caminho é através da pesquisa qualitativa com metodologia que vise compreender a questão do humano através da dimensão educacional.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA II (PROFª MARTIELLE FERNANDES)

 AULA DE HOJE 05/10/2020

CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Uma pesquisa científica pode ser classificada de diferentes modos, de acordo com os objetivos que foram definidos pelo pesquisador (GIL, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002). Deve-se considerar ainda as características específicas de cada área do conhecimento. A classificação da pesquisa indica o caminho que o pesquisador está adotando para a realização de seu estudo, possibilitando a outros estudiosos a comprovação dos resultados, posteriormente apresentados, bem como a replicação do estudo em diferentes contextos ou áreas. Os procedimentos adotados têm relevante importância no processo da pesquisa, por permitir que o pesquisador responda ao problema proposto e, consequentemente, atinja os objetivos esperados. Além de aproximar o pesquisador do objeto de estudo, esses procedimentos possibilitam traçar novos caminhos científicos, de forma que uma teoria seja reformulada, caso já exista; ou seja construída, caso os resultados apresentem novas perspectivas para o fenômeno pesquisado (VERGARA, 2005).

Quanto ao Tipo

Pesquisa Básica:

Motivada basicamente pela curiosidade intelectual do pesquisador e situada, sobretudo no nível da especulação e descoberta da verdade, intuindo novos conhecimentos (GIL, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002; VERGARA, 2005). Exemplo

Pesquisa Aplicada:

 Motivada pela necessidade de resolver problemas concretos, mais imediatos. Tem finalidade prática (GIL, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002; VERGARA, 2005). 

 

Quanto ao Método

Método Dedutivo

Parte do geral, princípios tidos como verdadeiros e indiscutíveis, e desce ao particular. O ponto chave da dedução é a relação lógica que se estabelece entre proposições (GIL, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002). Exemplo: Todo homem é mortal (maior). Pedro é homem (menor). Logo, Pedro é mortal (conclusão). Esse método é amplamente utilizado em ciências como a física e a matemática. Em ciências sociais sua aplicação é restrita em virtude da dificuldade de se obter argumentos gerais, cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida (GIL, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002).

Método Indutivo

Parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares. É fundamentado na experiência. Alguns casos particulares são observados e, constatando-se resultados similares, procede-se a generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos (GIL, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002).

Marconi e Lakatos (2010, p. 68) enfatizam que “indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas”. Exemplo: Antonio é mortal. Benedito é mortal. Carlos é mortal. Zózimo é mortal. Ora, Antonio, Benedito, Carlos e Zózimo são homens. Logo, todos os homens são mortais.

Marconi e Lakatos (2010, p. 69) destacam que o método indutivo possui as seguintes regras fundamentais: • Observação dos fenômenos

• Descoberta da relação entre esses fenômenos

• Generalização da relação entre os fenômenos

 

Quanto à Natureza

As definições relacionadas ao processo de classificação da pesquisa indicam ao pesquisador os métodos de coleta e as técnicas de análise dos dados que serão utilizados para a consecução do estudo. Duas possíveis direções podem ser assumidas pelos pesquisadores: a dos métodos qualitativos e a dos métodos quantitativos, ainda que, conforme salientam Easterby-Smith, Thorpe e Lowe (1999, p. 70), “não sejam inteiramente autônomas, estando subordinadas às considerações de propósitos e filosofia adotada no estudo”.

 

Qualitativa

Não há uma preocupação com medidas, quantificações ou técnicas estatísticas de qualquer natureza. Busca-se compreender, com base em dados qualificáveis, a realidade de determinados fenômenos, a partir da percepção dos diversos atores sociais (GIL, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002). Normalmente são implementadas técnicas de coleta, codificação e análise de dados, que têm como meta gerar resultados a partir dos significados dos fenômenos estudados, sem a manifestação de preocupações com a frequência com que os fenômenos se repetem no contexto do estudo. Os atores sociais envolvidos na pesquisa são levados a refletir sobre suas ações e as consequências dessas ações para a realidade na qual estão inseridos. “A abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social” (RICHARDSON, 1999, p. 79). Nesse sentido, destaca-se que a pesquisa qualitativa envolve:

• Qualificação dos dados

• Avaliação da qualidade das informações

• Percepção dos atores sociais

• Não se preocupa com medidas

 

Quantitativa

Implica na utilização de medidas previamente estabelecidas, cujos resultados sejam quantificáveis, garantindo o estabelecimento de conclusões seguras e confiáveis (GIL, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002). Segundo Richardson (1999, p. 70), “o método quantitativo, como o próprio nome indica, caracteriza-se pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas”. Estudos dessa natureza podem aplicar técnicas como médias, desvio-padrão, moda, correlação, regressão etc. (RICHARDSON, 1999). Nesse sentido, destaca-se que a pesquisa quantitativa:

• Utilização de medidas

• Busca resultados quantificáveis

• Não se preocupa com a qualificação dos dados

• Uso de estatística básica ou avançada

 

Quali-Quanti

São desenvolvidas duas etapas de pesquisa: primeiramente é conduzida a fase qualitativa para se conhecer o fenômeno estudado. De posse dessas informações, parte-se para a construção de um questionário fechado e o aplica no setor. Depois da tabulação, é feita a análise dos dados com o auxílio de instrumentos estatísticos. A decisão pelo desenvolvimento de uma pesquisa quali-quanti envolve, além do interesse dos pesquisadores, o enfoque dado ao problema de pesquisa que, muitas vezes, depende de uma abordagem múltipla para ser adequadamente investigado(GIL, 1999; RICHARDSON, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002).

 

Quanto aos Níveis

 

Dentro da classificação da pesquisa, destacam-se, ainda, os níveis de manifestação do estudo, que podem ser identificados com base nos objetivos específicos propostos. Convencionalmente, os níveis de pesquisa se dividem em: (i) estudos exploratórios; (ii) estudos descritivos; e (iii) estudos explicativos (NEUMAN, 1997; SAUNDERS; LEWIS; THORNHILL, 2000).

Exploratório

Existência de pouco conhecimento sobre determinado tema. Desenvolvidos por meio de pesquisas bibliográficas, com denso diagnóstico na literatura; por conversas com outros pesquisadores especialistas na área, buscando informações sobre as especificidades do fenômeno pesquisado, e por meio da condução de entrevistas com grupos focais. Conforme salienta Triviños (1987, p. 109), “os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema”. O autor destaca que pode servir ainda “para levantar possíveis problemas de pesquisa” (TRIVIÑOS, 1987, p. 109). Esse tipo de pesquisa apresenta menor rigidez no planejamento. É desenvolvida com o objetivo de proporcionar visão geral acerca de determinado fato. É realizado especialmente quando o tema é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipótese (GIL, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002). Saunders, Lewis e Thornhill (2000) enfatizam que os estudos exploratórios são desenvolvidos primordialmente por meio de pesquisas bibliográficas, com denso diagnóstico na literatura; em conversas com outros pesquisadores especialistas na área, buscando informações sobre as especificidades do fenômeno pesquisado; e pela condução de entrevistas em grupos focais. Neuman (1997) observa que os estudos exploratórios são utilizados normalmente para investigar um novo tema de pesquisa, podendo, em muitos casos, apresentar-se como primeiro estágio de um conjunto de etapas do estudo.

Estudos exploratórios estão atrelados a:

 Pouco conhecimento sobre o tema

• Diagnóstico na literatura

• Conversas com outros pesquisadores

• Menor rigidez no planejamento

• Normalmente são qualitativos

 

Descritivo

Nas pesquisas descritivas, normalmente, os pesquisadores possuem um vasto conhecimento do objeto de estudo, em virtude dos resultados gerados por outras pesquisas (GIL, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002). A pesquisa descritiva visa efetuar a descrição de processos, mecanismos e relacionamentos existentes na realidade do fenômeno estudado, utilizando, para tanto, um conjunto de categorias ou tipos variados de classificações (NEUMAN, 1997). Triviños (1987, p. 110) afirma que “o estudo descritivo pretende descrever com exatidão os fatos e fenômenos de determinada realidade”.

Os estudos descritos podem ser traçados em função de:

• Simples descrição do fenômeno

• Uso de categorias ou classificações

• Qualitativos ou quantitativos

• Exige planejamento antecipado

 

Explicativo

Tem por natureza o objetivo de determinar, por meio do confronto de variáveis, os fatores ou causas que determinam ou influenciam a manifestação de determinados fenômenos. Visa explicar por que o fenômeno ocorre, quais os fatores que o causam ou contribuem para sua ocorrência, ou qual é a explicação para a relação existente entre dois ou mais fenômenos (GIL, 1999; CERVO; BERVIAN, 2002). Tem a finalidade de explicar por que o fenômeno ocorre? Quais são os fatores que causam ou contribuem para sua ocorrência? Ou qual é a explicação para a relação entre dois ou mais fenômenos? É o tipo mais complexo e delicado de pesquisa e exige grande atenção dos pesquisadores. Para Saunders, Lewis e Thornhill (2000), as pesquisas de cunho explicativo possuem por natureza o objetivo de determinar, pelo confronto de variáveis, os fatores ou causas que influenciam a manifestação de determinados fenômenos. Estudos explicativos envolvem:

• Explicar o fenômeno em estudo 

• Relação: Causas – Consequências

• Relação entre dois fenômenos

• Qualitativos ou quantitativos

• Bom planejamento antecipado