terça-feira, 1 de junho de 2021

FUND. E METODOLOGIA NO ENSINO DE ARTES (PROF. MARTIELLE)

 AULA DE HOJE: 01-06-21


Musicalização na Infância: Por que é importante o ensino da música na escola?

 


Os benefícios das aulas de música são vistos desde os primeiros anos escolares.

A música é reconhecida por muitos pesquisadores como uma espécie de modalidade que desenvolve a mente humana, promove o equilíbrio, proporcionando um estado agradável de bem-estar, facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio, em especial em questões reflexivas voltadas para o pensamento filosófico.

Segundo estudos realizados por pesquisadores alemães, pessoas que analisam tons musicais apresentam área do cérebro 25% maior em comparação aos indivíduos que não desenvolvem trabalho com música, bem como aos que estudaram as notas musicais e as divisões rítmicas, obtiveram notas 100% maiores que os demais colegas em relação a um determinado conteúdo de matemática.

Com base em pesquisas, as crianças que desenvolvem um trabalho com a música apresentam melhor desempenho na escola e na vida como um todo e geralmente apresentam notas mais elevadas quanto à aptidão escolar.

A valorização do contato da criança com a música já era existente há tempos, Platão dizia que “a música é um instrumento educacional mais potente do que qualquer outro”.

Hoje é perfeitamente compreensível essa visão apresentada por Platão, visto que a música treina o cérebro para formas relevantes de raciocínio.

Eis então uma reflexão para pais e principalmente educadores, buscando inserir a música no seu planejamento, bem como criar estratégias voltadas para essa área, incentivando a criança a estudar música, seja através do canto ou da prática com um instrumento musical, isso desde a educação infantil.

A música ultrapassa barreiras do tempo e do espaço, é um produto artístico dinâmico, capaz de multiplicar significados e significâncias em seus contextos de penetração, compõe-se de som, ritmo, harmonia, melodia, timbre, altura, intensidade, duração e densidade, é componente artístico capaz de despertar nos sujeitos interativos consciência rítmica e estética, além de envolver, socializar, despertar desejos, mobilizar aprendizagens conceituais, apreciativas, manipulativas, construtivas e motoras.

Deste modo, é importante conhecer e decifrar os elementos formais e característicos da música, o que efetivará um processo de musicalização, ou seja, educação musical.

No que se referem aos elementos formais e estruturantes da composição musical, Mendes e Cunha (2009) evidenciam, assim como o RCNEI, os PCNs de Arte e as DCE Arte e Artes, que a música se constitui por um processo de espacialização e difusão sonora, que se dá por alternância em som13 e silêncio, sendo que neste processo temos o envolvimento dos seguintes elementos:

                        Ritmo: Agrupamento sonoro, que mobiliza altura, duração, intensidade e densidade sonora;

                        Harmonia: Cadência rítmica que se produz da articulação de notas diferentes na composição de um acorde musical, constitui o desenrolar, ou seja, a progressão dos acordes durante toda uma composição ou execução da música;

                        Melodia: Sequência de notas musicais, de diferenstes sons ou fontes sonoras, organizadas numa partitura e/ou dada forma, que possibilite sentido musical a quem ouça;

                        Timbre: Sonoridade característica da fonte sonora (qualquer coisa que produza som) seja ela instrumental ou vocal. São exemplos de fontes sonoras as que seguem:

 

Fontes não tradicionais: - Instrumentos musicais tocados de forma não tradicional; - Objetos sonoros; - Vozes emitidas de forma não tradicional; - Ondas sonoras (wave).

Fontes tradicionais: Instrumentos musicais (classificação baseada no material que produz o som): *Cordofone – o que vibra é uma corda, que pode ser tripa, metálica, sintética etc.; a corda pode ser friccionada – violino, viola da gambá; percutida – piano, berimbau; beliscada – cravo, violão, viola brasileira (caipira) etc. *Aerofone – o que vibra é o ar; é o universo dos apitos, flautas, oboés, trombones etc. *Membranofone – o que vibra é uma membrana, uma pele animal ou artificial, percutida com baquetas comoa caixa-clara, tímpanos, ou friccionada como a cuíca, ou tocada com as mãos como tumbadoras, bongos, djambê etc. *Idiofone ou autofone – o que vibra é o próprio corpo do instrumento como as castanholas, os pratos, o triângulo, o agogô, o tantã etc. *Mecânico – como as caixinhas de música, o piano de rolo, os realejos etc. *Elétrico – órgão elétrico, sintetizadores, theremin, ondas de Martenot etc.

Vozes – classificação baseada na extensão das vozes:

- femininas – do agudo para o grave: *soprano, *meio-soprano, *contralto;

- masculinas – do agudo para o grave: *tenor, *barítono, *baixo. (MENDES e CUNHA, 2009, p. 101-102)

                        Altura: Propriedade característica de uma vibração ou onda sonora, no que tange a frequência de oscilação, em variável do som grave e agudo, “quanto maior o número de frequências por segundo mais agudo é o som.” (MENDES e CUNHA, 2009, p. 100);

                        Intensidade: Direção da propagação da onda sonora, fluxo de energia do som crescente ou decrescente, forte ou fraco;

                        Duração: Parâmetro modular tanto do som quanto do silêncio (curto ou longo), no que converge a duração do tempo na música (lento, moderado, rápido), quantidade, velocidade e/ou andamento musical (allegro, vivace, adagio14);

                        Densidade: Peso sonoro, mescla de som rarefeito e/ou esparso, muito e pouco som constituintes de uma tessitura musical, qualidade que possibilita discriminação audível de um maior ou menor número de sons simultâneos, a qual pode promover a fusão de acordes ou não, permitindo caracterizar sua densidade.

 

Para além de seus elementos constitutivos e característicos, a música considerada linguagem universal por muitos teóricos e apreciadores musicais, pelo seu potencial fruitivo e de comunicação plurissignificante.

Por suas contribuições múltiplas, é indiscutível que a música tem papel na formação da criança, possibilitando o brincar com as palavras através da rima, do ritmo, da harmonia, da plurissignificância. Desse modo, é válido ressaltar que a música faz parte do universo da criança antecedente à escola, uma vez que os sons corporais, o folclore, as parlendas, as quadrinhas, as cantigas de roda, os provérbios, os ditos populares, as

músicas infantis e a diversidade sonora do contexto de pertencimento já fazem parte de seu cotidiano desde a vivência intrauterina, compondo sua bagagem cultural. Assim, tal bagagem será ampliada na escola, de forma que contemple a alfabetização musical, ou a educação musical, auxiliando na compreensão conceitual da musicalidade e na formalização de gostos, via processo de musicalização e formação estética.

No cenário formativo, que toma por pauta a musicalização da infância, são elementos essenciais, de acordo com os referenciais e os parâmetros curriculares de Arte (BRASIL, 1997, 1998, 2001), a composição, a improvisação e a interpretação como aspectos a serem explorados e vivenciados pela criança independente da faixa etária.

A música no universo escolar é importante para o desenvolvimento intelectual, por isto é imprescindível o cuidado do professor ao selecionar os encaminhamentos pedagógicos para seu ensino e fruição, no âmbito educacional, pois

[...] pelo canto, pela dança, pela representação estaremos ampliando o universo cultural e musical e estabelecendo desde a primeira infância uma consciência efetiva com relação aos valores próprios da nossa formação e identidade cultural. (BRITO, 2003, p. 94).

Entretanto, é válido pontuarmos que a partir da lei 11.769 (BRASIL, 2008), o ensino da música ganha status de obrigatoriedade nas escolas de educação básica de todo território nacional, sem, contudo, ser restrita apenas à disciplina de Arte. A lei representa um ganho cultural e, como não especifica conteúdos, as escolas terão autonomia para decidir o que trabalhar, a partir dos RCNEI, PCNs de Arte e DCE de Arte e Artes. Nos termos apresentados, acreditamos que o trabalho pedagógico musical deve contemplar noções básicas de música, cantos cívicos nacionais, sons de instrumentos de orquestra, cantos, ritmos, danças e sons de instrumentos regionais e folclóricos, com o objetivo de alfabetização musical e aprendizagem relativa à diversidade cultural do Brasil.

Então, na escola, podemos relacionar a música às diversas áreas do conhecimento, promovendo atividades diversas. O professor que consegue essa faceta, mobiliza o interesse dos alunos, porque as crianças têm um corpo musical aguçado, A música no âmbito educacional pode servir a diversas funções, dentre estas podemos elencar a sensibilidade do ouvido e da escuta, socialização humana, mobilização da expressão corporal, ampliação do vocabulário, desenvolvimento do ritmo e da performance, autodisciplina, retenção de conhecimentos variados, pode ser uma forma de lazer, desenvolver o gosto musical, possibilitar prazer estético, além de ser fonte de aquisição cultural. Por esses e outros benefícios não listados é que a música deve integrar o universo educacional do ensino da Arte, bem como de outras disciplinas, como deflagra a lei.

Considerando essas ponderações, na sequência listamos sugestões práticas para o ensino da música no dia-a-dia de sala de aula, as atividades apresentadas fazem parte de um acervo constituído ao longo de nossa trajetória docente.

 

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