AULA DE HOJE: 28-06-21
Avaliação no ensino de ciências
Nessa aula iremos discutir alguns pontos essenciais
sobre a avaliação no ensino de ciências.
É de grande importância pensar o processo avaliativo
no âmbito da educação infantil e anos iniciais no trabalho com as ciências
naturais e tecnologias.
O que avaliar?
Como avaliar crianças na educação infantil e anos
iniciais quando trabalho com ciências?
Usarei provas, trabalhos, observações ou preenchimento
de fichas com objetivos?
O quê e como avaliar?
Essas são questões que povoam o imaginário dos
professores que trabalham na primeira e segunda etapa da educação básica, elas
não são fáceis de serem respondidas, porém a formação do professor possibilita
alguns critérios técnicos que podem ser buscados para direcionar essa etapa
importante do ensino.
Num primeiro momento todo professor deverá se inteirar
do projeto pedagógico da escola, conhecer os critérios de avaliação, assim como
também deverá conhecer a proposta curricular. Com esse material em mãos, o
professor irá planejar as atividades, seu plano de aula ou plano de ação.
Como já sabemos no plano de aula, além da seleção dos
conteúdos, dos objetivos e metodologia a serem trabalhadas nas diferentes
classes/turmas, o professor também deverá prever como serão avaliados esses
conteúdos trabalhados ao longo do ano letivo. Ou seja, o que o aluno deverá
reter sobre aquilo que foi ensinado é ponto chave para estipular o que será
avaliado.
As palavras iniciais apontam que a avaliação não é um
momento à parte, que vai ser pensada somente próxima à data de entrega de notas
e conceitos nas escolas.
A avaliação está contida e faz parte de todo processo
da prática docente, é ela que pode orientar novas práticas pedagógicas, novas
metodologias. Também é por meio da avaliação que descobrimos como está
ocorrendo o aprendizado do aluno sobre determinados conceitos.
Pois bem, as implicações sobre a avaliação não são
novas, elas acompanham o surgimento da escola, um momento que já rendeu muitos
ritos, mitos e discussões, mas que continua dividindo opiniões entre superar a
tradição da velha prova e das notas e conceitos com práticas avaliativas mais
adequadas aos interesses democráticos da escola.
Não existe consenso a esse respeito da avaliação,
pois,
A cada período, podemos considerar que a escola
incorpora determinadas práticas, rejeita outras, perpetua outras tantas. No
entanto, é importante perceber que, mais do que defender uma ou outra corrente
teórica, a busca pela coerência nas ações educativas deve ser o norte do
professor. Por exemplo, se, como professor, propicio sempre estudos em grupo em
sala de aula, no momento de avaliar também devo manter uma certa coerência com
essa metodologia implementada em sala de aula. Se mobilizo os estudantes a
estarem sempre identificando informações e pouco promovo situações de análise e
reflexão, tal competência não será cobrada no momento da avaliação. Primeiro
ela terá que ser vivenciada pelos estudantes no seu nível de desenvolvimento.
(FERNANDES E FREITAS, 2008, p. 19)
As dúvidas entre os professores a respeito da
avaliação estão marcadas, segundo as autoras, porque:
Em nossa sociedade, de um modo geral, ainda é bastante
comum as pessoas entenderem que não se pode avaliar sem que os estudantes
recebam uma nota pela sua produção. Avaliar, para o senso comum, aparece como
sinônimo de medida, de atribuição de um valor em forma de nota ou conceito.
Porém, nós, professores, temos o compromisso de ir além do senso comum e não
confundir avaliar com medir. Avaliar é um processo em que realizar provas e
testes, atribuir notas ou conceitos é apenas parte do todo. (FERNANDES E
FREITAS, 2008, p. 19)
É uma marca corrente atribuir notas e classificar os
alunos em qualquer nível de ensino, a sociedade impõe, o sistema de ensino
exige essa resposta da escola. Por mais que as teorias apontem novas práticas,
no final do ano letivo, os resultados aparecem em forma de notas e
classificação de aprovados e reprovados, dos aptos e não aptos. Enfim, é por
meio da avaliação que alguns alunos poderão, ou não, galgar os diferentes
níveis de estudos.
Porém, é preciso que os professores considerem em suas
práticas avaliativas que
A prática da avaliação pode acontecer de diferentes
maneiras. Deve estar relacionada com a perspectiva para nós coerente com os
princípios de aprendizagem que adotamos e com o entendimento da função que a
educação escolar deve ter na sociedade. Se entendermos que os estudantes
aprendem de variadas formas, em tempos nem sempre tão homogêneos, a partir de
diferentes vivências pessoais e experiências anteriores e, junto a isso, se
entendermos que o papel da escola deva ser o de incluir, de promover
crescimento, de desenvolver possibilidades para que os sujeitos realizem
aprendizagens vida afora, de socializar experiências, de perpetuar e construir
cultura, devemos entender a avaliação como promotora desses princípios,
portanto, seu papel não deve ser o de classificar e selecionar os estudantes,
mas sim o de auxiliar professores e estudantes a compreenderem de forma mais
organizada seus processos de ensinar e aprender. (FERNANDES E FREITAS, 2008, p.
19)
Isso significa que a avaliação pode
fornecer informações sobre o processo pedagógico de professores e alunos, nesse
entendimento ela não deverá ser pensada e realizada somente ao final do
processo ensino-aprendizagem.
Os autores propõem que a avaliação possa transformar a
prática de aprendizagem; redimensionando esse processo. Apontam que, como o ato
de avaliar faz parte do ensinar e de aprender, não é possível ao professor
ensinar sem avaliar, portanto, salientam que esse entendimento deveria romper
com a dualidade existente entre o ensino e a avaliação. (FERNANDES E FREITAS,
2008).
Desse modo, cabe à escola e aos professores
descobrirem formas mais adequadas de implementar a avaliação segundo a
concepção de ensino que defendem.
Existem vários instrumentos que podem ser utilizados
para se avaliar a aprendizagem, porém o modo como será realizada vai depender
da escolha do professor. Mas, quando falamos na elaboração desses instrumentos
avaliativos, alguns critérios devem ser levados em consideração:
a) a linguagem a ser utilizada: clara, esclarecedora,
objetiva;
b) a contextualização daquilo que se investiga: em uma pergunta sem contexto podemos obter inúmeras respostas e, talvez, nenhuma relativa ao que, de fato, gostaríamos de verificar;
c) o conteúdo deve ser significativo, ou seja, deve ter significado para quem está sendo avaliado;
d) estar coerente com os propósitos do ensino;
e) explorar a capacidade de leitura e de escrita, bem
como o raciocínio. (FERNANDES E FREITAS, 2008, p. 32)
Esses apontamentos deveriam ser os critérios na
elaboração de avaliações, pois para que o aluno interprete as questões
propostas, estas devem ser claras e contextualizadas, o que por sua vez requer
um conteúdo significativo.
Em relação aos Parâmetros Curriculares Nacionais,
encontramos indicativos sobre pontos relevantes em relação à avaliação:
A avaliação da aquisição dos conteúdos pode ser
efetivamente realizada ao se solicitar ao aluno que interprete situações
determinadas, cujo entendimento demanda os conceitos que estão sendo
aprendidos, ou seja, que interprete uma história, uma figura, um texto ou
trecho de texto, um problema ou um experimento. São situações semelhantes, mas
não iguais, àquelas vivenciadas anteriormente no decorrer dos estudos. São
situações que também induzem a realizar comparações, estabelecer relações,
proceder a determinadas formas de registro, entre outros procedimentos que
desenvolveu no curso de sua aprendizagem. Desta forma, tanto a evolução
conceitual quanto a aprendizagem de procedimentos e atitudes estão sendo
avaliadas. (BRASIL (c ), 1997, p. 30)
Isto significa que o professor pode e deve utilizar
outros recursos na avaliação.
Além desses entendimentos, a legislação da educação
também aponta algumas orientações sobre a avaliação. Na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (9394/96), em seu artigo 24, determina-se no inciso
V que :
A verificação do rendimento escolar observará os
seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,
com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais. (BRASIL
(b), 1996)
Em relação à Educação Infantil, a lei determina no
artigo 31 que, “a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu
desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino
Fundamental” (Lei 9394/96). É clara a determinação nesse artigo de que na
educação infantil, não sejam realizadas avaliações de reprovação e, sim, de
diagnóstico daquilo que a criança já sabe e do que precisa desenvolver.
EM SINTÉSE
Procuramos refletir sobre a avaliação enquanto um
processo contínuo e processual que ocorre durante a prática pedagógica.
Na educação infantil a avaliação apresenta um caráter
de acompanhamento dos aspectos qualitativos da aprendizagem. Não é realizada
com função de promoção.
No ensino fundamental prevalece o caráter avaliativo qualitativo,
a avaliação deve ser um instrumento para o diagnóstico das aprendizagens dos
alunos. Embora nessa etapa de ensino a avaliação é realizada para promover o
acesso às outras séries ou anos do ensino fundamental.
A escola e os professores são os responsáveis por descobrir formas mais adequadas de implementarem a avaliação segundo a concepção de ensino que defendem. Outro ponto importante quando falamos sobre avaliação diz respeito ao fato de que a avaliação fornece informações sobre o processo pedagógico dos professores e alunos, desse modo, a avaliação não deverá ser pensada e realizada somente ao final do processo ensino-aprendizagem, mas sim, deverá permear todos os momentos da aula.
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