terça-feira, 15 de junho de 2021

FUND. E METODOLOGIA NO ENSINO DE ARTES (PROF. MARTIELLE)

  AULA DE HOJE: 15-06-21

Dança e Corporeidade: a construção da consciência corporal e do movimento

 O movimento é base fundamental de toda ação humana, pois estamos em constante movimentação no tempo e no espaço, no decurso de nosso dia-a-dia. Entretanto, a consciência corporal articulada à movimentação performática do corpo, com arte e harmonia estética é que denominamos de dança. A arte da dança é composta pela articulação harmoniosa de movimento, tempo, espaço, fluência e força.

A dança propicia o autoconhecimento, estimula vivências da corporeidade, incentiva a expressividade da criança, possibilita a comunicação não verbal e o diálogo corporal. Desenvolve a psicomotricidade através dos diversos movimentos: lateralidade, noção de espaço, entre outros. Auxilia também no processo de observação, percepção, identificação e diferenciação de ritmos, músicas, estilos, o que favorece o processo de aprendizagem da criança.

 A dança na escola trabalha diretamente com o movimento. No entanto a dança enquanto Arte vai além do conhecimento do próprio corpo, a dança como arte é manifestação artística, é forma de integração e de expressão. É atividade lúdica que permite que a criança trabalhe exercícios de experimentação, criatividade, espontaneidade.

A função da dança na escola não é a de criar coreografias para apresentações e sim um trabalho planejado de acordo com as possibilidades motoras e de criação individual e coletiva da própria criança.

Nas atividades de dança, a criança experimenta a plasticidade do corpo que brinca no ar no tempo e no espaço, exercita a fluência dos movimentos, mesclada a tonicidade do corpo, exercita sua potencialidade expressiva e motora, pois a dança é uma arte dinâmica e espetacular.

Entretanto, vale ressaltar que a adequação da roupa para prática da dança é um elemento importante para se ter flexibilidade e liberdade de movimentos. O espaço também é um elemento favorecedor para melhores articulações de performance. O professor deve criar um ambiente profícuo à criação e à exploração de movimentos que a dança promove. É importante dançar, improvisar e movimentar-se. Também é de suma importância a apreciação de números de dança, executados por grupos experientes, ser assistido por crianças, “[...] para desenvolver seu olhar, fruição, sensibilidade e capacidade analítica, estabelecendo opiniões próprias” (BRASIL, 1997, p. 69).

De acordo com Strazzacappa (2009, p. 44), “[...] a dança em si já é educativa, expressiva e criativa, dispensando adjetivos”. O professor de dança na escola não deve ser um reprodutor de técnicas ou dançarino profissional, mas um criador de situações motrizes e um apreciador sensível da dança.

 

Desde o início da história da humanidade encontramos manifestações artísticas de diferentes povos através da dança. É muito importante que a criança tenha contato com essas manifestações e as compreenda como cultura de povos diferenciados.

No Brasil, uma sociedade extremamente dançante, a música e a dança fazem parte do nosso dia-a-dia estão intrinsecamente associados. São rodas de pagode, samba, de capoeira. As escolas de samba, os forrós, as danceterias. A dança e a música estão presentes em todo lugar e a todo instante. Nos morros cariocas, nas praias do Nordeste, nos pampas gaúchos, nas festas populares, nas manifestações das tribos indígenas, nos ritos religiosos etc. Pouco importa para onde se olhe, a dança e a música estão presentes. Poderia até parecer incoerente dizer que a dança precisa ser ensinada na escola se já faz parte do dia-a-dia de uma grande parte da população. No entanto, novamente, salientamos que não é essa concepção de dança que se pensa para a escola, mas, sim, de como, pela aproximação e observação da dança e pela reflexão sobre ela, podemos pensar sobre nós mesmos. O que interessa como conteúdo da dança escolar são os elementos da linguagem criativa por meio do movimento. (STRAZZACAPPA, 2009, p. 47, grifos nosso)

 Frente à grande diversidade cultural na qual estamos inseridos, esses são alguns exemplos de dança representados por diferentes artistas. O contato com a arte nos permite conhecer esta diversidade no decorrer dos tempos e espaços, além do modo particular de representação de cada artista dentro do seu contexto, dentro da sua época, marcando e contribuindo com a nossa história.


Reiteramos que a dança no universo escolar, da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, deve oportunizar contato com a exploração do corpo em movimento e com essa linguagem artística, enquanto pauta apreciativa, a qual propicia a introdução da criança no mundo do espetáculo e a sensibiliza à arte e à vida.

Strazzacappa (2009) evidencia, ainda, que a dança para criança, ao pensarmos numa organicidade didática até os 8 anos de idade, deve ser livre, de modo que favoreça a descoberta do corpo, do espaço, das dinâmicas, do ritmo, da mobilidade; já para as crianças de 8 a 10 considera-as em fase intermediária em que a improvisação é indicada, mas vale o ensino de alguns passos definidos; e, a partir dos 11 anos, a dança deve ter ensino especializado, explorando técnica corporal racionalizada. Enfim, a dança é uma ramificação artística importante a ser explorada na escola da infância. Vejamos, na continuidade do capítulo, algumas sugestões práticas para o trabalho com a dança em sala de aula.

 

 

Dança e sugestões práticas para o ensino em sala de aula

 

1. Nomes animados: Organização da turma numa roda para que uns possam visualizar os outros. Cada participante deverá fazer a separação silábica de seu próprio nome, em conjunto com uma dimensão de movimento a ser reproduzido pelos colegas bem como a separação silábica associativa. Exemplo: Ná – (bate palmas) Je (roda sobre o próprio eixo) La (bate os pés no chão). Após a participação de todos ao final a professora finalizará com: “MUI-TO BEM PA-RA-BÉNS”, também criando uma sequência de movimentos.

 

2. Escravos de Jó Corporal: Em círculo, realizam-se os movimentos com a mesma música do “Escravos de Jó” tradicional, com a diferença de que os movimentos são realizados com o corpo e não com um objeto. No início da música, são dados passos para o mesmo lado (quando a música falar “Tira! Põem!”, as pessoas dão um passo para trás e um passo para frente; na parte que diz “Deixa ficar!”, ficam paradas); no refrão “ZIG, ZIG ZÁ”, dão um passo para direita, um para esquerda e outro para a direita!

Escravos de Jó

Escravos de Jó

Jogavam cachangá; Tira! Põem!

Deixa ficar! * Guerreiros com guerreiros

fazem zig, zig zá (bis)

 

3. Dança do Jornal: Afaste as cadeiras e mesas e distribua as folhas de jornal pelo chão. Cada dupla fica em cima de uma folha, coloque a música e as crianças começam a dançar, não vale sair de cima do papel nem rasgá-lo, se isso acontecer a dupla é eliminada da brincadeira. Vence quem cumprir o objetivo da brincadeira, dançar os diversos ritmos propostos sem rasgar o jornal. Convide as duplas que saíram para serem juízes com você e observar se os colegas não infringem as regras. Uma maneira de incrementar a atividade é variar os ritmos musicais, tocando músicas mais lentas e outras mais agitadas.

 

4. Atividade rítmica: “Minha boneca de lata”: Canto e dança com reprodução gestual imitativa do professor que vai repetindo a música e acrescenta uma parte do corpo além do braço, coloca pé, perna, barriga, olho, nariz até a boca.

BONECA DE LATA - Música Educação Infantil - Movimento -Psicomotricidade - Atividade Aula Online: https://www.youtube.com/watch?v=xG9JWOVrv0Q

 

5. Cantigas de roda: Estratégia interessante para trabalhar a linguagem da dança, cantar ao passo que se encena explorando possibilidades do movimento, coordenação motora e exploração espaço-temporal.

a) Fui a Bahia buscar meu chapéu: para execução da cantiga de roda e dança é necessário um chapéu e a disposição em roda.

Fui a Bahia buscar meu chapéu, (o dono inicial do chapéu fica ao centro, enquanto os demais cantam e giram ao seu redor)

da cor da Amanda da cor do céu. (o que se observa é a cor dos olhos – cor do céu=azul, pulando por alguns instantes na frente da pessoa)

Não é meu não é de ninguém (continua o canto e o giro da roda)

é do Pedro que eu quero bem. (coloca o chapéu na cabeça da nova dona e lhe dá um abraço, esta passa ocupar o centro da roda)

Fui a Bahia buscar meu chapéu, (o dono inicial do chapéu fica ao centro, enquanto os demais cantam e giram ao seu redor)

da cor da Cintia da cor do mel. (cor do mel=castanho, pulando por alguns instantes na frente da pessoa)

Não é meu não é de ninguém (continua o canto e o giro da roda)

é do Mario que eu quero bem. (coloca o chapéu na cabeça do novo dono e lhe dá um abraço, este passa ocupar o centro da roda)

Fui a Bahia buscar meu chapéu, (o dono inicial do chapéu fica ao centro, enquanto os demais cantam e giram ao seu redor)

da cor do Lucas da cor do breu. (cor do breu=preto, pulando por alguns instantes na frente da pessoa)

Não é meu não é de ninguém (continua o canto e o giro da roda)

é da Nayla que eu quero bem. (coloca o chapéu na cabeça da nova dona e lhe dá um abraço, esta passa ocupar o centro da roda)

Fui a Bahia buscar meu chapéu, (o dono inicial do chapéu fica ao centro, enquanto os demais cantam e giram ao seu redor)

da cor da Sibila da cor do véu. (cor do véu=verde, pulando por alguns instantes na frente da pessoa)

Não é meu não é de ninguém (continua o canto e o giro da roda)

é da Jeanete que eu quero bem. (coloca o chapéu na cabeça da nova dona e lhe dá um abraço, esta passa ocupar o centro da roda)

 

b) A linda rosa juvenil

A linda rosa juvenil, juvenil, juvenil

A linda rosa juvenil, juvenil

Vivia alegre em seu lar, em seu lar, em seu lar

Vivia alegre em seu lar, em seu lar

Um dia veio uma bruxa má, muito má, muito má

Um dia veio uma bruxa má, muito má

Que adormeceu a rosa assim, bem assim, bem assim que adormeceu a rosa assim, bem assim

E o tempo passou a correr, a correr, a correr

E o tempo passou a correr, a correr

E o mato cresceu ao redor, ao redor, ao redor

E o mato cresceu ao redor, ao redor

Um dia veio um belo rei, belo rei, belo rei

Um dia veio um belo rei, belo rei

Que despertou a rosa assim, bem assim, bem assim

Que despertou a rosa assim, bem assim

Batemos palmas para o rei, para o rei, para o rei

Batemos palmas para o rei, para o rei

https://www.youtube.com/watch?v=E7YtjujgNzM

 



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