O trabalho com projetos nas aulas de Ciências
O trabalho com projetos no ensino de ciências
possibilita ao professor despertar o interesse dos alunos sobre um determinado
tema. Os projetos são instrumentos pedagógicos que proporcionam a colaboração e
interação entre professores e alunos.
Na proposição de projetos o professor também pode
partir do interesse ou indagações dos alunos sobre um determinado conteúdo.
Geralmente, nos projetos, parte-se dos problemas do cotidiano, enquanto desafio
para busca de respostas.
Todo projeto deve seguir etapas definidas pelo grupo
de alunos e professor. Alguns livros de metodologia de projetos, como de
Antunes (2002), apresentam sugestões das etapas, as quais poderão ser adequadas
para as turmas de educação infantil ou do ensino fundamental.
Num projeto existem etapas como, por exemplo: um tema
a ser estudado, a delimitação e a problematização do assunto, hipóteses a serem
testadas, objetivos a serem atingidos, as estratégias ou metodologias a serem
desenvolvidas. Na finalização dos projetos, o ideal é que os alunos escrevam o
relatório dos dados observados, este poderá, depois, ser exposto no mural da
escola ou apresentado em outras turmas. Outro ponto importante no trabalho com
projetos é relacionar os conteúdos de forma interdisciplinar, o que
possibilita, muitas vezes, extrapolar os conhecimentos num projeto.
Alguns detalhes devem ser observados quando o
professor propõe trabalhos de campo, isto é, seguir determinadas etapas tais
como:
Antunes (2002, p. 31, 32) aponta como atividades do aluno num projeto:
1- A pesquisa em diferentes fontes como: livros, revistas, entrevistas,
jornais.
2- A escrita, o desenho, a leitura e anotação de dados, para registro
das descobertas.
3- A exploração das definições, comparação, análise, classificação.
4- Percepção das fases do projeto, compreensão dos objetivos e de sua
tarefa no projeto.
Salienta Antunes (2002) que o professor não deve
confundir as fases de um projeto com os passos do projeto. Aponta que as fases
do projeto podem ser identificadas como sendo: Abertura do projeto, o trabalho
prático e a culminância: apresentação.
A fase um, abertura do projeto, diz que os envolvidos
num projeto devem discutir e eleger a seleção de perguntas, bem como a definição
do “eixo temático central”. Lembra que o tema deve estar relacionado
com as experiências dos alunos, bem como, deverá ter caráter
interdisciplinar.
Na fase dois, ou seja, do trabalho prático,
identificada como a alma do projeto, é o momento no qual são
desenvolvidas a investigação direta em textos, visitas e outros.
Na fase três, na culminância, ocorre a apresentação
dos resultados obtidos na investigação. Essa etapa de apresentação poderá ser
realizada através de exposição de objetos, representações dramáticas, painéis.
Nessa fase final, o professor expõe a avaliação dos trabalhos, destacando os
progressos alcançados pelos alunos.
Quanto aos passos para realizar um projeto, Antunes
(2002) diz que:
1º É preciso determinar com clareza os objetivos estipulados
para um determinado projeto.
2º Deverá transformar os objetivos em várias
perguntas.
3º Relacionar e disponibilizar as diferentes fontes de
informação a serem utilizadas, como textos, artigos, livros, revistas, entre
outros.
4º Explicar as habilidades operatórias a serem
colocadas em prática. Analisar, comparar, classificar, interrogar, entre
outros.
5º Explicar de maneira clara as fases do projeto, bem
como, o que espera dos alunos ou grupos em cada uma das fases. (entrevistar,
visitar, buscar fontes...).
6º Relacionar conceitos e ideias principais a serem
pesquisadas.
7º Envolver as ideias presente no projeto aos outros
conteúdos ou temas que está trabalhando. Segundo o autor, é importante
contextualizar o que o aluno está investigando.
8º Esclarecer as linguagens utilizadas na fase central
do projeto.
9º Organizar o projeto em um tipo de linha do tempo,
destacando as fases ou subfases dentro de um cronograma definido
antecipadamente. Semana X- Ler o texto, Semana Y-Visitar o local M.
10º Definir as linhas de avaliação visando o progresso
do aluno.
Os dez passos propostos não devem ser vistos como etapas rígidas, elas
são apresentadas nessa sequência, mas podem e devem ser efetivadas segundo os
objetivos do professor. Também não são proposições rígidas, o professor à
medida que vai organizando o seu projeto estabelece caminhos de acordo com seu
contexto escolar, com a turma e o conteúdo que pretende trabalhar.
Para Antunes,
A essência e chave de um projeto é que representa um
esforço investigativo, deliberadamente voltado a encontrar respostas
convincentes para questões sobre o tema, levantadas pelos alunos, professores,
ou pelos professores e alunos e eventualmente funcionários da escola, pais e
pessoas da comunidade escolhidos por amostragem. (ANTUNES, 2002, p. 15)
Nesse sentido, como nos lembra Barbosa e Horn, existem
dois tipos de conhecimento que permeiam a execução de um projeto: “O
conhecimento do professor, que deve possibilitar compreender as crianças com as
quais trabalha, conhecer os temas importantes para a infância contemporânea, e
também o conhecimento dos conteúdos das disciplinas” (BARBOSA e HORN, 2008, p.
41). Salientam ainda que: “Os conhecimentos que o professor adquire ao realizar
os projetos não são os mesmos dos alunos da educação infantil, ou seja, são de
outra ordem” (BARBOSA e HORN, 2008, p. 41).
É claro que este entendimento também é válido para as
outras etapas de ensino, desse modo, o professor possuindo um referencial
diferente dos alunos poderá encaminhar novas perguntas e propor diferentes
desafios nos projetos. É preciso superar a ideia corrente de que, no trabalho
com as crianças pequenas o professor precisa ter um pequeno repertório de
conhecimentos sobre um tema. Dessa forma, concorda-se que, “para prevermos
situações ricas e contextualizadas para as crianças, é preciso saber muito
sobre os temas enfocados” (BARBOSA e HORN, 2008, p. 40).
Os projetos além de possibilitarem o aprendizado sobre
um tema também podem ser propostos visando o trabalho em grupo, isto é,
trabalhar com projetos “é também aprender a trabalhar em grupo e experimentar a aprendizagem
como uma função intersubjetiva, acompanhando as tendências da ciência e da
tecnologia de construção coletiva do conhecimento, criando uma cultura de aprendizagem
mútua” (BARBOSA e HORN, 2008, p. 88).
Além disso, algumas habilidades e capacidades dos
alunos podem ser desenvolvidas no trabalho com projetos, tais como:
flexibilidade, organização, interpretação,
coordenação, de idéias, formulação de conceitos teóricos, antevisão de
processos, capacidade de decisão, verificação da viabilidade dos
empreendimentos, decisão sobre elas, mudança de rumos, desvendamento do novo,
ampliação do conhecimentos e garantia de inclusão na rede de saberes
previamente adquiridos. (BARBOSA e HORN, 2008, p. 88)
Como foi possível perceber o trabalho com projetos
apresenta um valor de destaque na prática pedagógica, isto é, o projeto como
instrumento de trabalho em sala de aula ou na escola como um todo, além de
possibilitar responder aos questionamentos sobre um tema específico, também
contribui na formação de habilidades cognitivas, sociais, emocionais, entre
outras.
Como nos lembra Tomio (2008):
Hoje, pelas tecnologias de informação e comunicação,
podemos, numa aula de ciências, mergulhar nas profundezas de rios e mares,
escalar picos mais altos, conhecer pessoas e suas culturas, adentrar locais que
já não existem mais, penetrar nos corpos dos animais, circular com a seiva das
plantas, viajar com espermatozóides e acompanhar da concepção ao
desenvolvimento da vida. isso tudo ao assistirmos um vídeo, um documentário na
TV, com programas de computadores, navegando na internet, sem contar com os
sistemas didáticos inteligentes, como a imersão virtual, que os possibilita
expandir o nosso alcance no conhecimento da realidade. (TOMIO, 2008, p. 41)
Porém, não podemos esquecer que a presença dessas
alternativas não garante uma aprendizagem de qualidade. É preciso saber
utilizar esses recursos.
Além das atividades destacadas para o trabalho pedagógico em sala de
aula, o professor também pode e deve utilizar os livros didáticos destinados
para as diferentes séries, os quais se constituem como fonte de atividades e
pesquisa. Entretanto, é preciso saber selecionar o livro mais adequado aos
conteúdos e interesses da turma. Existe uma infinidade de livros didáticos
destinados ao ensino fundamental, que subsidiam o trabalho do professor no
ensino de ciências.
TEXTO COMPLEMENTAR:
Palavras Finais
Nessa etapa do estudo da disciplina de ciências, foram
apresentadas algumas sugestões de atividades práticas que podem ser utilizadas
pelo professor em sala de aula.
O destaque nas orientações metodológicas é superar
aulas somente teóricas no ensino, pelo fato de que em ciências existe uma
possibilidade enorme de trabalhos com experiências, as quais nem sempre exigem
materiais caros ou laboratórios para efetivá-las. O professor é o responsável
pelo planejamento e escolha da metodologia, e essas devem ser adequadas ao
interesse do aluno.
O trabalho com projetos se apresenta como uma alternativa viável para a prática pedagógica em sala de aula, como se pode perceber, além de ser um instrumento didático adequado para o ensino de ciências, também auxilia no desenvolvimento habilidades de cooperação e participação por parte das crianças.
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