quarta-feira, 8 de abril de 2020

Diversidade e Educação

A ESCOLA E A REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL
A aula de hoje tem como objetivo ampliar o conceito de rede de proteção social, e analisar o modo como a escola está inserida nessa rede e como participa ativamente do processo de proteção dos alunos na garantia de seus direitos. 
A compreensão do papel do Estado (garantir direitos) e da parceria entre escola, saúde, assitência social e sociedade, são de suma importância para que a escola assuma seu lugar que é essencial para que haja um acerto nas decisões e transformações sociais que se requer dos atores sociais.
A aula será expositiva, via zoom, com a participação dos alunos.
 Miralda De Oliveira Santos Coelho está convidando você para uma reunião Zoom agendada.

Aula 08/04 sobre a escola como espaço de proteção social

A ideia de redes como atores de intervenção e parceria surgiu como enfrentamento das questões sociais, a partir da minimização do Estado no que se refere a gerir todas as ações. Sendo assim, o Estado juntamente com as empresas privadas e a sociedade civil organizada se uniram para que pudessem garantir direitos.
A globalização produziu no mundo um emaranhado de questões sociais, econômicas e políticas. O mundo globalizado provocou interdependência nos sistemas financeiro e político, por isso que o mercado financeiro interfere em várias nações ao mesmo tempo.
O neoliberalismo que é o sistema de governo que tem regido o mundo tem como objetivo liberar o Estado de administração de empresas estatais e ter o mínimo de interferência no mercado. Sendo também, defendido por essa política a redução do papel do Estado e de suas funções no campo social.
Num primeiro momento, as empresas lançaram mão das redes com o objetivo de reduzir custos e compartilhar recursos e informações para atender as demandas sociais.
Além disso o Estado, ao se direcionar para uma menor intervenção social, também se apropriou desse movimento de criação de redes para que os problemas sociais pudessem ser divididos entre vários atores sociais.
O que antes era resolvido no ambiente nacional tomaram dimensão planetária. Vide Coronavírus.
“Entretanto, Castells (1998) salienta que, apesar da soberania abalada, o Estado continua sendo um importante agente de intervenção tanto para a economia como para a sociedade; todavia, o seu papel agora consiste em processar as investiduras da ação globalizante e adequá-las às possiblidades de cada país. Seguindo essa lógica Castells (1998) elabora o conceito de Estado-rede como uma tentativa de reestruturar a capacidade de atuação estatal. ” (Teixeira e Pereira, TEXTOS & CONTEXTOS,2013, P.117)
No contexto atual, neoliberal de descentralização do Estado, vemos o capitalismo centralizando suas decisões a partir de encontros das grandes economias mundiais, e também vemos os movimentos sociais em contrapartida se organizando em fóruns mundiais sociais cujo objetivos é organizar redes quentes, no qual o ser humano é importante.
Regina Benevides e Eduardo Passos pegam um texto que  Luis Fernando Veríssimo, comentando uma matéria em defesa do I Fórum de Porto Alegre, em 2000, publicada no Le Monde Diplomatique, disse que havia duas redes, uma quente e a outra fria. Na mesma época acontecia o Fórum econômico de Davos, este era a rede fria, e o social quente. Eles escrevem:
“Experimentamos atualmente redes que se planetarizam de modo a produzir efeitos de homogeneização e de equivalência. A globalização neo-liberal é uma rede fria e de cima para baixo porque sua lógica é a do capital enquanto equivalente universal ou sistema de equalização da realidade. Já a rede quente se caracteriza por um funcionamento no qual a dinâmica conectiva ou de conjunção é geradora de efeitos de diferenciação, isto é, trata-se de uma rede heterogenética. É nesse sentido que a experiência do coletivo, do público ou mesmo da multidão deve ser retomada como plano de produção de novas formas de existência que resistem às formas de equalização ou de serialização próprias do capitalismo. Devolver o produto a seu processo de produção tal como entendemos ser a direção da clínica pressupõe conectarmo-nos nas redes quentes produtoras da diferença. (Passos e Barros, Lugar Comum, pp 170-171)”
Portanto, precisamos entender que a escola é um espaço de rede quente, no qual a vida é mais importante.
A rede local na qual a escola está inserida deve orientar a mesma nas intervenções. Importantes órgãos sociais, tais como, saúde, assistência social, Vara da infância e da juventude, Conselho tutelar, são os órgãos municipais que devem se interligar a escola para  a garantia dos direitos da criança e do adolescentes, esses são órgãos públicos, mas a família e a sociedade também exercem um importante papel na execução de políticas públicas sociais.
A intersetorialidade cujo objetivo é organizar e entrelaçar os setores de assistência de sorte que eles se integrem no processo de cuidar e prestar serviços que abranjam todas as áreas sociais, é um princípio que adotado pelo Sistema Único de assistência Social trabalha para romper com a fragmentação nos serviços e na formação de redes para prestá-los.
Como já vimos o Sistema Capitalista é excludente e reforça as desigualdades, mas na contramão do Sistema temos no Brasil a nossa Constituição Federal que assegura o dever do Estado de garantir aos cidadãos brasileiros direitos, no tripé da seguridade social: educação, saúde e assistência social.
Esse processo se deu a partir de 1980, quando a ONU implementou novas políticas para a criança e adolescentes, além de movimentos sociais no Brasil que lutavam para garantir que esses direitos fossem constitucionais, o que faria com que o Estado fosse obrigado a cumpri-los a despeito dos seus interesses econômicos.
Um importante fator que a descentralização do Estado trouxe consigo é o fato de que agora a família, a sociedade e o Estado são parceiros no processo educacional, sendo assim a escola encontra com esse fator possibilidades que não tinha antes de acessar vários órgãos e organizações da sociedade, pública e privada, de modo a ampliar seu espaço de ação diante dos grandes desafios contemporâneos.
A escola tem um papel político transformador, não é seu dever apenas formar pessoas para o mercado de trabalho, mas também formar cidadãos cônscios dos seus direitos, e que exigem do Estado o cumprimento do Seu papel.
Para isso é importante que a escola ouça o que está acontecendo com o aluno, na sua família, no seu processo de aprendizagem de modo a interferir nos problemas sociais, tais como: violência, abusos, deficiências, dificuldades econômicas, de saúde, jurídica e etc.
Sendo um espaço no qual todo cidadão, criança, adolescente passa o elo que a escola representa nesse processo é de grande importância.
 Bibliografia:
Barros, Regina Benevides de e Passos, Eduardo, Clínica, política e as modulações do capitalismo, LUGAR COMUM No19-20, pp.159-171 http://uninomade.net/wp-content/files_mf/113003120823Cl%C3%ADnica%20pol%C3%ADtica%20e%20as%20modula%C3%A7%C3%B5es%20do%20capitalismo%20-%20Eduardo%20Passos%20e%20Regina%20de%20Barros.pdf


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