AULA DE HOJE: 22-03-21
O papel do professor no Ensino de Ciências
Nas últimas décadas, a vida no planeta sofreu
intensas transformações.
A complexidade dessas transformações impõe ao
mundo novos olhares sobre a preservação da vida de todas as espécies (homem,
animal e vegetal).
Nos dias atuais não podemos ignorar a
importância da Ciência e da Tecnologia, porém, é necessário analisar o seu
papel no contexto da vida cotidiana.
Os professores, de modo geral, que trabalham
com esses temas, além de estarem atualizados, deveriam refletir sobre as
transformações e o papel que a ciência e a tecnologia desempenham na vida das
pessoas e da sociedade.
Essa reflexão possibilita compreender que a
ciência e a tecnologia embora construída e aperfeiçoada constantemente pelo
homem, não está disponível para todos, apesar de exercerem transformações no
cotidiano.
Isto significa que:
A educação é necessária para a sobrevivência
do ser humano. Para que ele não precise inventar tudo de novo, necessita
apropriar-se da cultura, do que a humanidade já produziu. Educar é também
aproximar o ser humano do que a humanidade produziu. Se isso era importante no
passado, hoje é ainda mais decisivo numa sociedade baseada no conhecimento.
(GADOTI, 2003, p. 28)
As transformações ocorridas a partir do
desenvolvimento da ciência e da tecnologia atingem níveis jamais imaginados na
contemporaneidade, as telecomunicações e a medicina, entre outros; assombram e
encantam ao mesmo tempo.
O prolongamento da vida, a diminuição do
tempo para chegar informações sobre ocorrências de outros continentes, isto é o
acesso em tempo real sobre quase tudo o que acontece na sociedade, verificados
nos nossos dias dá a impressão de que o homem cria e recria a vida em todas as
direções. A mídia divulga dados impressionantes de descobertas cientificas como
a possibilidade de andar aos cadeirantes, a promessa de visão aos que não podem
ver, a cura de doenças até então desconhecidas.
O desenvolvimento da ciência e da tecnologia
vem apontando, também, a possibilidade de construir a vida em outro planeta.
Essas transformações na sociedade em escala
mundial, contribuem para novas realidades que acabam afetando a organização e
reestruturação do trabalho, alterando a necessidade de novos saberes ao
trabalhador.
Dessa forma, a escola também é influenciada
pela nova realidade social, pois ocorreram:
1- Notáveis avanços tecnológicos na
microeletrónica, na informática, nas telecomunicações, na automação industrial,
na biotecnologia, na engenharia genética, entre outros setores, caracterizando
urna revolução tecnológica sem precedentes.
2- Globalização da sociedade,
internacionalização do capital e dos mercados, reestruturação do sistema de
produção e do desenvolvimento econômico.
3- Difusão maciça da informação, produção de
novas tecnologias da comunicação e da informação, afetando a produção,
circulação e consumo da cultura.
4- Mudanças nos processos de produção, na
organização do trabalho, nas formas de organização dos trabalha, dores, nas
qualificações profissionais.
5- Alterações nas concepções de Estado e das
suas funções, prevalecendo o modelo neoliberal de diminuição do papel do Estado
e fortalecimento das leis do mercado.
6- Mudanças nos paradigmas da ciência e do
conhecimento, influindo na pesquisa, na produção de conhecimentos, nos
processos de ensino e aprendizagem.
7- Agravamento da exclusão social, aumento da
distancia social e econômica entre incluídos e excluídos dos novos processos de
produção e das novas formas de conhecimento. (LIBÂNEO, 2004, p. 45,
46)
As 7 questões apontadas indicam que as
transformações vivenciadas na sociedade requerem profissionais bem preparados
para lidar com as incertezas que tais processos ensejam.
Portanto, é a partir dessas considerações que
emerge a necessidade de voltar a atenção para o papel do professor no
Ensino de Ciências frente à sociedade tecnológica.
Quem são as pessoas que tem acesso aos bens
produzidos pela ciência e tecnologia?
Como são produzidos os experimentos?
Quais as vantagens e desvantagens da
exploração dos bens no planeta?
Quem é beneficiado pelas descobertas
cientificas?
Quem é prejudicado nessa busca?
Qual é a ética que permeia os descobrimentos
científicos e tecnológicos?
Como são distribuídos os produtos da ciência
e tecnologia?
Essas questões não são simples de serem
respondidas, até porque não fazem parte das preocupações na vida das pessoas
comuns, porém são pistas para se pensar o papel do professor diante da ciência
e avanços tecnológicos.
reconhecer que a ciência não é estática, que
não é algo pronto e acabado, que é produzida e aperfeiçoada pelo homem,
desmistifica posicionamentos ingênuos sobre a vida no planeta.
Das questões destacadas é oportuno verificar
algumas qualidades requeridas dos professores diante das transformações
científicas e tecnológicas na atualidade.
Essas qualidades e capacidades são exigências
na formação profissional de professores:
1. É especialista no conteúdo que ensina e
nos processos investigativos da matéria, e é portador de uma razoável cultura
geral;
2. Sabe associar a aquisição de conceitos
científicos ao desenvolvimento dos processos de pensamento;
3. Domina razoavelmente métodos e procedimentos
de ensino, com destaque a procedimentos de pesquisa e a exercícios do pensar
centrados em problemas;
4. Conhece o mundo do trabalho e os
requisitos atuais de exercício profissional;
5. Desenvolve visão crítica em relação aos
conteúdos da matéria (contextualização) e ao seu papel social enquanto
intelectual;
6. Sabe lidar com as tecnologias da
informação e comunicação, tanto no que se refere aos conteúdos quanto ao seu
manejo;
7. Conhece e sabe aplicar modalidades e
instrumentos de avaliação da organização escolar e da aprendizagem.
8. Sabe lidar com as várias formas culturais
que perpassam a escola e a sala de aula, e com a diversidade social e cultural,
para conhecer melhor a prática do aluno e sua relação com o saber;
9. Sabe articular, na atividade docente, as
dimensões cognitiva, social, cultural e afetiva, visando ajudar os alunos a
construírem sua subjetividade;
10. Domina procedimentos de trabalho
interativo e desenvolve capacidade comunicativa (comunicar-se e relacionar-se
com as pessoas, assumir a aula como um processo comunicacional);
11. É capaz de participar de forma produtiva
de um grupo de trabalho ou de discussão, bem como atuar em equipe em atividades
de pesquisa, interdisciplinares e organizativas;
12. Ajuda os alunos a pensar e agir em
relação a valores e atitudes. (LIBÂNEO, 2004, p.87)
Das competências destacadas por Libâneo,
entendemos que saber ensinar, saber preparar e dar uma boa aula é uma
habilidade que o professor desenvolve ao longo da sua prática pedagógica.
Porém, é através da formação inicial e
continuada que essas competências são inicialmente desenvolvidas e
aperfeiçoadas no campo de trabalho.
O novo professor é um profissional que
aprende em rede, sem hierarquias, cooperativamente (saber organizar o seu
próprio trabalho). É um aprendiz permanente, um organizador do trabalho do
aluno; consciente, mas também sensível. Ele desperta o desejo de aprender para
que o aluno seja autônomo e se torne sujeito da sua própria formação.
Por isso, o novo professor precisa
desenvolver habilidades de colaboração (trabalho em grupo,
interdisciplinaridade), de comunicação (saber falar, seduzir, escrever bem, ler
muito), de pesquisa (explorar novas hipóteses, duvidar, criticar) e de
pensamento (saber tomar decisões).
O enfoque da formação do novo professor deve
ser na autonomia e na participação, nas formas colaborativas de aprendizagem.
Diz Paulo Freire:
“O bom professor é o que consegue, enquanto
fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua
aula é assim um desafio e não uma ‘cantiga de ninar’. Seus alunos cansam, não
dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento,
surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”. (GADOTI,
2003, p. 25)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Caro aluno coloque aqui seu comentário conforme solicitado pelo professor: